A publicidade destinada ao público infantil requer atenção redobrada, ainda mais quando o que está sendo anunciado diz respeito à alimentação. Alguns projetos de lei tramitam no Congresso Nacional, visando justamente ordenar e tornar claras as regras de um jogo que, na maioria das vezes, preocupa-se apenas com o lucro, relegando a saúde dos menores ao segundo plano. Infelizmente, até agora nenhum deles se transformou em lei.
Recentemente, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado aprovou uma proposta que impede a venda, em lanchonetes e bares, de sanduíches junto com outros objetos de apelo infantil, pagos ou gratuitos. O texto, entretanto, ainda será apreciado por outras Comissões do Senado, antes de ser encaminhado à Câmara.
Vale destacar a importância das autoridades se preocuparem em proteger o público infantil, maior alvo de campanhas mercadológicas que promovem a venda casada de lanches com brindes ou brinquedos. Trata-se de uma publicidade negativa, que cria uma lógica de consumo prejudicial, além de incentivar valores completamente deturpados.
A publicidade infantil chega a ser cruel, quando notadamente induz as crianças a consumirem alimentos com altos teores de sódio, gorduras trans, gorduras saturadas e açúcar, além de bebidas de baixo valor nutricional.
A questão é complexa e grave porque não se trata apenas do fato do público infantil não distinguir a publicidade do entretenimento, de não fazer uma análise crítica dela, mas da constatação de que a obesidade infantil tornou-se uma realidade no país, que atinge cada vez mais as crianças e, principalmente, as de classe socioeconômicas menos favorecidas.
As leis em vigor no país sobre o assunto precisam ser bem analisadas. A interpretação de que é possível considerar ilegal todo e qualquer direcionamento da publicidade voltada ao público infantil merece atenção. E aos pais, cabe o papel de não ser simples espectador, mas personagem principal no papel de esclarecer, informar e educar.
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